O Mundo Que Estamos Construindo Para Nossas Crianças

MUDANÇAS SÃO POSSÍVEIS?

Muitas são as formas de violência. Vivemos todos os dias vários tipos delas. Na maioria das vezes, nos sentimos impotentes, incrédulos, injustiçados, revoltados, vítimas de um sistema, como se fôssemos minúsculos frente à grandiosidade do problema.  Compartilhamos tempos de descrença e de medo. Portanto, passamos a evitar lugares, sair de casa, mudar caminhos, refazer programas e horários. Desejamos ou, de fato, blindamos carros, investimos no sistema de segurança de nossas casas. Cada um tentando sentir-se mais seguro, retomar o controle da situação, proteger pessoas tão caras a nós. Mas, temos conseguido muito a partir destas atitudes, regidas pelos sentimentos de impotência e medo?

O problema é grande e complexo! Não diz respeito apenas à vontade direta de cada um e ao seu planejamento familiar. Há uma lista de desafios coletivos a serem superados na busca pela paz em nossa cidade e país. Muitos dizem respeito às políticas públicas (que contemplam várias áreas, não só a de segurança) e à ação dos governos. Outros dizem respeito aos modos como agimos frente a esses desafios, à nossa participação cidadã. Como temos exercido nossa cidadania, lutado pelos direitos humanos e por uma vida digna em sociedade?

Percebemo-nos parte importante desta massa social, com a qual cotidianamente compartilhamos nossas vidas? Ou estamos omissos, lamentamos , reclamamos, compartilhamos histórias tristes, sem esperança…? Como lidamos com essas situações? E como temos nos percebido enquanto cidadãos, na vivência de direitos e deveres?

Ainda: como nos posicionamos frente a tantas outras formas de violência que não estão tão distantes de nós? Como, por exemplo, quando se quer dar um jeitinho para conseguir algo? Quando se fura uma fila? Quando se ocupa uma vaga no estacionamento para idosos ou pessoas com deficiência? Quando se forma fila dupla no trânsito? Quando, por conhecer “alguém”, se consegue agilizar procedimentos? Esses são desrespeitos diários cometidos por pessoas comuns, muitas vezes por nós mesmos, tendo-se sempre uma justificativa pretensamente plausível para cometê-los.

O que estamos ensinando para nossas crianças com essas atitudes? Que mundo estamos construindo para elas? Como temos atuado em nossas profissões?  Nossas ações são respeitosas e justas? Nós, que acumulamos algum conhecimento, que ocupamos um lugar social capaz de promover mudanças, temos exercido este poder? A ética é, de fato, por nós exercida? Ou apenas faz parte do nosso discurso? Cobramos do outro, mas a vivenciamos? Como temos colaborado para a organização da vida social, atravessada por valores e princípios sociais, como respeito e justiça? Temos vivido estes valores nos pequenos momentos do nosso dia a dia, seja em casa, com a família e amigos, no trabalho ou nas ruas da cidade?

(Pausa para reflexão)

Precisamos reconhecer em nós mesmos o poder de mudança. Pode parecer pouco, mas são as pequenas atitudes do cotidiano que geram o acúmulo necessário para mudar o mundo. Precisamos, sim, olhar para fora, nos incomodar, nos indignar. Mas precisamos também ir além da lamentação. Olhar para dentro, para a pessoa que temos sido e refletir: a pessoa que sou hoje é quem desejo ser? Gosto de mim mesmo pelo que sou enquanto ser humano? Não pelos meus títulos ou posses, mas pelo que sou intimamente? Como a mudança que desejo fora pode começar a partir de dentro? Só a coerência interna entre crenças, valores e atitudes sociais pode gerar a indignação que cria algo realmente novo, diferente, uma mudança real.

Algo nos une enquanto grupo. Nossos filhos estudam numa mesma escola. E podemos começar pequenas revoluções neste espaço coletivo comum. Atitudes simples e corriqueiras, em que possamos vivenciar e ensinar as nossas crianças por meio de nossos exemplos reais. Como ser gentil ao estacionar, ao cumprimentar as pessoas, ao levar queixas, ao esperar a vez, ao cedê-la, ao seguir as regras de trânsito, ao nos colocar no lugar do outro, ser gentil, dividir, compartilhar bons sentimentos.

Nessa perspectiva: procurar – nos momentos difíceis – expressar as divergências com respeito, na busca da melhor alternativa. Dialogar, viver o amor, o respeito e a justiça no aqui e agora, viver o que desejamos profundamente, o mundo que idealizamos, tornando-o real, devagarzinho, no nosso cotidiano. Aqui, nesta Casa e em todas as outras, fazendo ressoar esta experiência por toda cidade. Assim, sinta-se parte desta aliança, faça sua parte, reconheça a sua força e a nossa, como grupo.

Você é nosso convidado, venha participar do INTERPAIS:

DIA 27/05/2014 – (TERÇA-FEIRA) – 19:30h;

NA CASA DA TIA LÉA, Pe. ANTÔNIO TOMAZ.

ESPERAMOS VOCÊ!!!